Feira do Livro escala em porte e ambição ao se firmar no calendário de São Paulo

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – “Um o de cada vez, do tamanho de nossas pernas”, resume o diretor Paulo Werneck sobre a montanha que a Feira do Livro vem escalando, fincando bandeira cada vez mais alta na capital paulista. “São Paulo tem uma escala gigante e nossa intenção sempre foi estar em sintonia com a dimensão cultural da cidade.”

O repórter havia perguntado se ele tinha receio de o evento, que começa neste sábado e segue até o próximo domingo, dia 22, estar dando os compridos demais e se abrindo ao risco de tropeçar -da segunda para a terceira edição, no ano ado, pulou de cinco para nove dias, gerando reclamações de editoras que viram o evento esvaziado durante os dias úteis.

Agora, a feira inflou bastante sua grade, programando nada menos que 250 eventos dentro dessas datas, um salto de mais de 50% em relação aos 164 do ano ado.

Têm a ambição de aumentar também o público, indo de 64 mil para 110 mil visitantes, de olho nos leitores que vão estar livres no feriado de Corpus Christi, que pega o último fim de semana do festival. Toda a programação é aberta e gratuita.

“É um evento que faz sentido para as pessoas, para o mercado e para a cidade. Acho natural que cresça bastante, assim como aconteceu com as feiras que a inspiraram, que atraem visitantes na casa dos milhões”, afirma Werneck, que dirige a Associação Quatro Cinco Um, responsável por organizar o evento ao lado da Maré Produções.

Fato relevante foi a entrada retumbante da Petrobras como patrocinadora, batizando com sua marca o palco principal do evento no meio da praça. O escritório Pinheiro Neto também se juntou a empresas como Itaú e Motiva, antiga CCR, na captação de recursos via Lei Rouanet.

A prefeitura da cidade tem tido participação mais próxima do que nos últimos anos -Werneck aguarda a sanção de Ricardo Nunes, mandatário do MDB, para o projeto de lei que inclui a feira no calendário oficial da cidade, já aprovado na Câmara dos Vereadores.

“A cada ano estamos acrescentando mais tijolinhos nessa construção institucional”, afirma o diretor. Demonstração disso, diz, é terem levado três anos para pôr em prática um desejo que a feira tinha desde o começo, a criação de um palco exclusivamente voltado a crianças, o Espaço Rebentos, que terá curadoria de Jaqueline Silva e Juliana Vettore.

Já os Tablados Literários congregam uma programação paralela que já vicejava em anos anteriores, convidando editoras e iniciativas com estandes na Feira a trazer seus próprios convidados.

A multiplicação veio da percepção de que havia potencial de público e demanda de editoras por mais momentos com autores em destaque. E essa ampliação, segundo Werneck, “foi realizada dentro da nossa capacidade instalada, isto é, sem um crescimento muito grande das estruturas, fisicamente o espaço é praticamente o mesmo”.

“Acreditamos que essa ampliação vai fortalecer as editoras e livrarias independentes, que terão resultados financeiros mais substanciais ao realizar mais debates e lançamentos.”

No palco principal, os maiores chamarizes são os escritores brasileiros, quase 200 no total. Haverá destaque para autores que tiveram lançamentos rumorosos no último ano, caso de dois colunistas do jornal, Tati Bernardi e Drauzio Varella. Também compõem o programa nomes como Lázaro Ramos, Marcelo Rubens Paiva, Beatriz Bracher, Amara Moira, Marilena Chauí e Ignácio de Loyola Brandão.

Os nomes internacionais são mais tímidos depois de um ano que trouxe ao Pacaembu autoras como a superstar argentina Camila Sosa Villada e a nobelizável americana Jamaica Kincaid. Há, contudo, convidados notáveis como a geógrafa americana Ruth Wilson Gilmore, o crítico espanhol Jorge Carrión e a escritora portuguesa Lídia Jorge.

Autores como a brasileira Aline Bei, a chilena Lina Meruane e o argentino Pedro Mairal se dividem entre a programação da feira e da Bienal do Livro, evento de porte quase dez vezes maior que acontece no Rio de Janeiro praticamente ao mesmo tempo -começou nesta sexta e, como o evento paulista, segue até dia 22.

“A coincidência com a Bienal não foi planejada, mas, uma vez que aconteceu, o desenlace parece positivo”, afirma Werneck. De fato, a divulgação das datas simultâneas gerou uma onda de frustração no mercado editorial. O diretor da feira afirma, no entanto, que o setor “está dando prova de alta capacidade de realização e organização”.

“É impressionante a capacidade de articulação dos editores independentes, a capacidade de transformar adversidades em oportunidades, e isso está acontecendo nesse caso”, diz ele.

“Tanto a Bienal como a Feira do Livro estão se beneficiando da presença de autores internacionais, a Bienal nos cedeu autores que convidou e pagou, e a Feira também está fazendo o mesmo. Acho um exemplo de parceria e civilidade entre dois festivais das duas maiores cidades do país.”

A FEIRA DO LIVRO

Quando Dias 14, 15, 19, 20 e 21/6, das 10h às 21h; dias 16, 17 e 18 /6, das 12h às 21h; dia 22/6, das 10h às 19h

Onde Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo

Preço Grátis

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