Irã tem a 16ª maior força militar do mundo: qual o poder de ataque do país?

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O ataque de Israel ao Irã nesta quinta-feira (12) desencadeou ações e ameaças de retaliação entre os dois países, o que colocou o Oriente Médio em estado de ainda mais tensão. Apesar de viver sob sanções há anos, os iranianos estão entre as 20 principais potências militares do mundo.

Irã tem a 16ª maior força militar do mundo, segundo levantamento do Global Fire Power, portal internacional que ranqueia forças militares anualmente. A lista de 2025 considera mais de 60 fatores e abrange 145 países.

Nesse mesmo ranking, Israel aparece na 15ª colocação. Até o ano ado, o estado iraniano figurava na 14ª posição e o israelense na 17º.

Ontem, ataque de Israel matou os chefes das Forças Armadas e da Guarda Revolucionária do Irã. As mortes dos generais Mohammad Bagheri e Hossein Salami foram confirmadas pela TV estatal do Irã. A Guarda Revolucionária iraniana, que era liderada por Salami, é o grupo mais poderoso no Exército do país e foi criada depois da Revolução Islâmica de 1979. O Irã também confirmou as mortes dos cientistas nucleares Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi (leia mais aqui).

Para contra-atacar e se defender, Irã conta com 610 mil militares na ativa e 350 mil na reserva. Segundo dados do portal War Power, nos quais se baseia o ranking do Global Fire Power, outros 250 mil paramilitares (de forças não oficiais) também atuam em território iraniano. Até o ano ado, a Guarda Revolucionária iraniana seria responsável por 190 mil desses combatentes.

Segundo o War Power, o Exército iraniano também tem à disposição 1.996 tanques de guerra, 551 aeronaves e 101 navios. Mísseis se tornaram peça-chave das Forças iranianas. Segundo apuração da BBC, até ao menos 2020, o Irã investia pesado em mísseis de curto e médio alcance, capazes de atingir Israel, países do Golfo, bases militares dos EUA na região e também partes da Europa.

Programa iraniano de mísseis de longo alcance foi paralisado como parte de seu acordo nuclear de 2015 com estados estrangeiros. No entanto, devido a incertezas em torno desse acordo, o projeto pode ter sido retomado.

IRÃ TAMBÉM TEM PODERIO DE DRONES

Irã tem investido em drones como arma de guerra. hoje, o país conta com 3.894 dispositivos aéreos não tripulados, parte deles adotados como recursos de vigilância e outra, maior, como instrumentos de ataque, conforme dados do War Power.

País se consolidou como “fornecedor líder de soluções de aeronaves não tripuladas de baixo custo no cenário mundial”, analisa portal. Em seu site, o War Power divulgou que o apoio militar iraniano à Rússia após a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, “revelou ao mundo uma avançada indústria local de drones iranianos”, focada em diferentes tipos de ataque.

Diversos projetos são desenvolvidos pelo regime atual, abrangendo tanto a ISR [Inteligência de Vigilância] quanto o ataque direto, alguns sendo cópias diretas ou evoluídas de aeronaves americanas ou israelenses recuperadas, enquanto outros são totalmente originais do país. War Power

Oficialmente, Irã não possui armas nucleares. A Arms Control Association, organização norte-americana que monitora os arsenais nucleares pelo mundo desde 1971, divulga que apenas nove países possuem bombas nucleares. São eles: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

Estado iraniano já teria, porém, plataforma para lançamento de bombas nucleares. Além disso, a quantidade de urânio enriquecido necessária para fabricar esse tipo de arma já estaria perto de ser atingida pelo país.

PODERIO MILITAR ISRAEL X IRÃ

Israel possui menos artilharias tradicionais de guerra, mas orçamento de Defesa muito superior. Com apenas 67 navios, 170 mil militares na ativa e 1370 tanques, o estado israelense possui um orçamento de Defesa estimado em mais de US$ 24 bilhões (R$ 135 bilhões) pelo War Power. Já os recursos disponíveis do Irã para investimento militar gira em torno dos US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões), ainda de acordo com o portal.

Irã enfraqueceu em 2024 e Israel se fortaleceu, segundo porta-voz de centro de estudos britânico. Na avaliação de James Hackett, chefe do núcleo de análises militares do IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos), o ano ado “terminou com a influência regional do Irã enfraquecida e o domínio militar de Israel evidente”. Em artigo divulgado no site do instituto, ele ressalta, no entanto, que o governo israelense precisou de “amplo apoio externo” dos Estados Unidos — maior força militar do mundo — “para frustrar ataques estrangeiros”, incluindo os iranianos.

ATAQUE DE ISRAEL AO IRÃ E RETALIAÇÕES

Israel disse na madrugada de sexta-feira (horário local) que completou “ataque inicial” contra o Irã, sem detalhar novas fases. Após anunciar a morte dos chefes das Forças Armadas e da Guarda Revolucionária do Irã, as Forças de Defesa de Israel afirmaram que a operação, nomeada de “Leão em Ascensão”, foi contra “dezena de alvos militares” e instalações nucleares relacionados ao programa nuclear do Irã.

“As FDI [Forças de Defesa de Israel] estão prontas para continuar a agir conforme necessário”, disseram. O órgão alega que o Irã teria urânio enriquecido para fazer 15 bombas nucleares em poucos dias e precisaram atuar contra a “ameaça iminente”. “Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial a Israel e uma ameaça significativa ao mundo em geral. Israel não permitirá”, acrescentou.

Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel preparou um “destino amargo e doloroso para si mesmo” após atacar o país. O pronunciamento do líder iraniano ocorreu horas depois de Israel bombardear o Irã. “O regime sionista revelou sua natureza vil e lançou nesta manhã sua mão perversa e sangrenta em um crime contra o Irã. Com este ataque, o regime sionista preparou um destino amargo e doloroso para si mesmo, que certamente receberá”, disse Khamenei.

“Vamos continuar a atacar o tempo que for necessário”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Ele afirmou que Israel está em um “ponto decisivo” em sua história, acrescentando que o objetivo da operação é “atacar a infraestrutura nuclear do Irã, as fábricas de mísseis balísticos do Irã e as capacidades militares do Irã”.

Exército israelense afirmou nesta sexta-feira (13) que o Irã lançou cerca de 100 drones contra o território de Israel e que está tentando interceptá-los. A ofensiva seria uma resposta iraniana após uma onda de ataques aéreos israelenses contra o Irã na noite desta quinta-feira (12). “O Irã lançou aproximadamente 100 drones contra o território israelense, que tentamos interceptar”, disse o porta-voz militar israelense Effie Defrin a jornalistas. Ele acrescentou que Israel mobilizou 200 aviões de combate para bombardear quase 100 alvos em seus ataques contra o Irã.

Israel diz que a situação está “sob controle”. “Temporariamente, a ameaça dos drones está sob controle, o que nos permite alertar os civis israelenses com antecedência suficiente para que se abriguem”, afirmou um militar à agência de notícias EFE.

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