Pode estar uma porcaria, mas não é playback, diz Deep Purple sobre shows ao vivo

PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – Não perca a conta: quando a banda britânica Deep Purple desembarcar no Brasil no domingo, 15 de junho, para um show único no festival Best of Blues and Rock, no Parque Ibirapuera, completará nada menos que 15 vindas ao país, onde fez mais de 70 shows desde a primeira turnê, em 1991.

O Deep Purple retorna menos de um ano depois da mais recente turnê no Brasil, em setembro de 2024, quando se apresentou em São Paulo e no Rock in Rio. “Nos sentimos em casa no Brasil”, diz o baterista Ian Paice. “Não posso dizer que conhecemos bem o país, porque nossas visitas são sempre muito rápidas, mas é sempre um prazer tocar para o público brasileiro, que é sempre tão caloroso com a gente”.

O Deep Purple nasceu na Inglaterra em 1968 e é considerado, junto com os conterrâneos Led Zeppelin e Black Sabbath, um dos fundadores do hard rock e do heavy metal. A banda teve muitas formações diferentes ao longo dos anos e chega ao Brasil com Ian Gillan, responsável pelos vocais, Roger Glover, no baixo, Don Airey, nos teclados, Ian Paice, na bateria, e o guitarrista Simon McBride, que entrou em 2022 substituindo Steve Morse, que saiu para cuidar da esposa, que está com câncer.

Dos cinco, o baterista Ian Paice é o único integrante da formação que gravou o primeiro disco, “Shades of Deep Purple” (1968), mas Gillan e Glover entraram no quarto álbum de estúdio, o clássico “Deep Purple in Rock” (1970), que marcou uma guinada da banda na direção de um som mais pesado e rápido e consagrou a formação clássica do Deep Purple, com Ian Gillan (vocais), Ritchie Blackmore (guitarra), Roger Glover (baixo), Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria).

“Tivemos muitos divórcios e separações nesses anos todos”, diz o cantor Ian Gillan, “Mas essa formação atual é muito unida e coesa. Nós nos divertimos tocando juntos, e isso é o que importa”. Sobre a longevidade da banda, Gillan diz que o segredo é manter-se sempre na estrada: “Faço shows desde meados dos anos 1960, estou na estrada há seis décadas e não sei viver de outra forma. Tocar ao vivo é o que me mantém feliz”.

O baixista Roger Glover diz que a média de idade do público dos shows do Deep Purple tem diminuído ano após ano: “É incrível, mas percebemos que nossos fãs mais velhos, aqueles de rabo de cavalo grisalho (risos) têm ficado no fundo dos shows, enquanto uma turma mais nova de fãs se espreme na frente”.

“Talvez eles estejam querendo se certificar de que estamos tocando ao vivo de verdade, sem playback”, brinca Ian Paice. “O que mais existe hoje é banda que toca ‘meio’ ao vivo”, completa o cantor Ian Gillan.

“Outro dia fomos tocar na França com uma banda cujo nome não revelarei, e pensei: ‘Mas esses caras tocam bem, está igualzinho ao disco!’, e é claro que estavam usando bases pré-gravadas. Isso é uma vergonha. Com o Deep Purple, você pode estar certo de que tudo que sai das caixas de som foi feito ao vivo. Pode estar uma porcaria, mas não é playback!”, diz Gillan, rindo.

Em 2024, a banda lançou seu 23º disco de estúdio, “=1”, e prepara agora mais um disco, que deve ser gravado logo após o show no Brasil. “Estamos numa fase muito produtiva”, diz o tecladista Don Airey, que está no Deep Purple desde 2002, depois da saída de Lord. Entre 1979 e 1982, Airey tocou no Rainbow, banda criada pelo guitarrista Ritchie Blackmore depois de sua primeira saída do Deep Purple –a definitiva seria em 1993.

Airey credita essa boa fase à chegada do guitarrista Simon McBride, 30 anos mais novo que a média de idade dos outros integrantes. “Simon é um músico excepcional e que se encaixou perfeitamente em nosso som”, diz Airey. “Ele é muito criativo no estúdio e, ao vivo, não tenta ficar copiando os guitarristas que já aram pelo Deep Purple, mas está sempre trazendo coisas novas.”

McBride diz que não era um grande conhecedor do trabalho do Deep Purple quando começou a tocar guitarra. “Quando comecei [McBride nasceu em 1979], meus ídolos eram caras como Steve Vai e Joe Satriani, então foi esse tipo de som que me formou. Mas depois descobri tardiamente os discos do Deep Purple e percebi como a banda tinha influenciado todo o rock que veio depois dela. Hoje me sinto privilegiado por ter a chance de tocar com esses caras.”

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